sexta-feira, 4 de maio de 2012

Maiores Jogos da História do Flamengo: 13/12/87 - Flamengo 1 x 0 Internacional




Jogos Inesquecíveis: 13/12/1987 - Flamengo 1 x 0 Internacional


"A final (do Brasileiro de 1987) seria entre as duas equipes que mais haviam conquistado títulos nacionais até então, cada uma com três troféus. Dali sairia o primeiro clube do Brasil a sustentar quatro títulos nacionais. O primeiro jogo, em Porto Alegre, terminou com um empate por 1 a 1. O duelo final foi no Maracanã, diante de 125 mil torcedores. Bebeto fez, aos dezessete minutos do primeiro tempo, o gol que deu uma vitória magra, por 1 a 0, para o manto vermelho e preto. Mengão tetracampeão!!!!" (A NAÇÃO, pg. 148)

O Flamengo chegou à decisão da Copa União após eliminar ao Atlético Mineiro, de Telê Santana, na semi-final. Já o Internacional superou o Cruzeiro. O primeiro jogo da final foi disputado no Beira-Rio. O Flamengo saiu na frente, com gol de Bebeto, mas Amarildo deixou tudo igual dois minutos depois. E o empate por 1 a 1 persistiu até o fim. No segundo jogo, numa tarde chuvosa de domingo no Maracanã, a festa foi rubro-negra. O Flamengo era comandado por Carlinhos e misturava craques já consagrados, como Leandro, Edinho, Andrade e Zico, e jovens talentosos, como Jorginho, Leonardo, Zinho e Bebeto. E a estrela do atacante voltou a brilhar na vitória por 1 a 0. Aos 16 minutos, ele marcou o gol do título rubro-negro. Flamengo, tetra-campeão brasileiro de futebol.


Após receber passe de Andrade, Bebeto penetra pela área e toca (foto acima)
na saída de Taffarel para fazer 1 a 0 pro Flamengo.


Ficha Técnica
13/12/1987 - Flamengo 1 x 0 Internacional
Local: Maracanã, Rio de Janeiro (Público: 91.034 pagantes)
Gol: Bebeto (16'1T)
Fla: Zé Carlos, Jorginho, Leandro, Edinho e Leonardo; Andrade, Ailton e Zico (Flávio); Renato Gaúcho, Bebeto (Henágio) e Zinho
Téc: Carlinhos
Inter: Taffarel, Luís Carlos Winck, Aluísio e Nenê; Paulo Roberto (Beto), Norberto, Balalo e Luís Fernando Flores; Hêider, Amarildo e Brites.
Téc: Ênio Andrade





A História do Jogo

Os dois finalistas do Campeonato Brasileiro de 1987 eram os dois maiores campeões do campeonato nacional, instituído a partir de 1971. Ambos os clubes eram tricampeões brasileiros, o Internacional tendo levantado os títulos de 1975, 1976 e 1979, e o Flamengo os de 1980, 1982 e 1983. Quem vencesse o duelo, seria o primeiro Tetra-Campeão Brasileiro de Futebol!

O Flamengo tinha um timaço, muito experiente e recheado de jogadores com experiência na Seleção Brasileira. Para se ter uma referência, dos onze que entraram em campo em vermelho e preto, apenas Leonardo, Ailton e Zinho ainda não tinham vestido a camisa verde e amarela até aquele momento, e dois deles vieram a vestir dali a pouco tempo, tendo Leonardo e Zinho sido titulares da Seleção Brasileira que foi Campeã da Copa do Mundo de 1994, na qual Jorginho, Aldair e Bebeto - seus companheiros naquele elenco rubro-negro de 1987 - também eram titulares absolutos daquele Brasil que voltou a ser campeão mundial após vinte e quatro anos de jejum.

Além destes jovens talentos, e de craque eterno, e maior ídolo de sua história, Zico, que havia voltado ao clube em 1985 após rápida passagem pela Itália, na Udinese, o time rubro-negro também contava com Andrade e Leandro, remanescentes da equipe Campeã da Libertadores e do Mundial em 1981, além de Edinho, ídolo do rival Fluminense, e que foi contratado naquele ano de 1987 à Udinese, da Itália, aonde havia sido companheiro de Zico. Esta base mais experiente conduzia um time especialmente jovem e muito promissor que chegava da base rubro-negra. Naquela final, além de Jorginho, Leonardo, Zinho e Bebeto, além de Aldair no banco de reservas Ainda, do lado do Inter estava o também goleiro titular de 94, Cláudio Taffarel, todos seis campeões e titulares da Seleção Brasileira na disputa da Copa do Mundo daquele ano, mais da metade do time brasileiro que viria a ser campeão mundial sete anos depois.

O Internacional chegava à finalíssima com um time mais jovem e menos experiente em grandes decisões, já o Flamengo tinha uma mescla de jogadores mais velhos e ídolos, com jovens muito promissores. Na primeira partida da final em Porto Alegre, no Estádio Beira-Rio, Bebeto e Amarildo deixaram tudo igual para quem, na partida de volta vencesse, no Maracanã, tornar-se-ia o campeão. Um empate levaria a partida para a prorrogação.

Noventa mil torcedores estavam no Maracanã, mesmo com o Rio de Janeiro envolto por uma grande chuva desde o dia anterior. Com um time jovem e muito aguerrido, o principal destaque do Internacional estava no gol, com apenas 21 anos, e que viria a ser, na década seguinte, o titular da Seleção Brasileira nas Copas do Mundo de 1990, 1994 e 1998. No Prêmio Bola de Prata de 1987, da Revista Placar, além de Taffarel, que recebeu o prêmio como melhor goleiro da competição, mais três jogadores do Inter também receberam o prêmio da Revista Placar para o "onze ideal" do campeonato: o lateral-direito Luís Carlos Winck, e Aloísio e Norberto, respectivamente zagueiro e volante daquela equipe. A jogada aérea era a grande esperança do torcedor do "Colorado", sempre atento ao atacante Amarildo que vivia ótimo momento.

Do lado rubro-negro, apenas dois jogadores entraram no time do campeonato da revista: Zico e Renato Gaúcho, este último que representava a principal força ofensiva daquele time do Flamengo, contratado a peso de ouro no início daquele ano junto ao Grêmio. Renato que também recebeu a Bola de Ouro, reconhecido como o melhor jogador de toda a competição. Zico, que estava em final de carreira naquele ano de 1987, em entrevista anos depois, afirmou considerar aquele time de 1987 como o segundo melhor do Flamengo de todos os tempos, perdendo apenas para o histórico time de 1981, campeão da Libertadores e do Mundo. E ainda destacou que este, de 1987, atuou muito pouco tempo e partidas juntos.

Na memória de Renato Portaluppi, sua ida para o Flamengo lhe deu a oportunidade de atuar ao lado de seu grande ídolo, Zico, que estava com 34 anos e envolto em diversos problemas físicos. Pelas próprias palavras de Renato: "A gente via o sofrimento do Zico. Era o Zico, o meu ídolo. Eu chego a ficar arrepiado. A gente via o sofrimento durante a semana e aí chega o dia do jogo, como é que eu não ia correr por ele? Como nós todos não íamos correr por ele? Ele foi fundamental e foi o símbolo daquele título", relembrando a conquista anos mais tarde. Renato correu tanto, que levou o prêmio de melhor jogador daquela Copa União de 1987. Ele estava no auge de sua vitalidade, em um time perfeito para também fazer ele brilhar. Zinho e Bebeto eram jovens com muita fome de bola, que colocavam e deixavam tudo ali, ao longo dos noventa minutos.

Na partida final contra o Internacional, apesar das péssimas condições do gramado, decorrente da chuva intensa, Renato correu, se doou e foi um dos principais nomes daquele time na grande final. Sob o grito de "Mennngoooo! Mennngoooo!", que vinha das arquibancadas, perder aquele título seria um "Maracanazo" para os torcedores do Flamengo, que abarrotavam o Estádio Mário Filho.

No primeiro tempo, o jogo começou com o Inter totalmente fechado do meio para trás. Pouco a pouco o Flamengo ia conseguindo impor seu jogo, de muito toque de bola e velocidade. Tanto que, aos 16 minutos, após um abafa no campo de ataque, com Renato Gaúcho e Zinho brigando pela recuperação da bola, rápidos passes encontraram o experiente Andrade que, num toque de classe, deixou o jovem Bebeto, então com apenas 23 anos, em ótimas condições para abrir o marcador: 1 a 0, que naquele seria o gol do título.


Se não era um grande jogo, tecnicamente falando, principalmente pelo estado do gramado do Maracanã, pesado devido à chuva do dia, era uma partida brigada por cada palmo de campo. Ainda assim, o Flamengo conseguia dominar a partida, e dificilmente deixava o Internacional atacar. O grande destaque na primeira etapa, ficou por conta de Andrade, o motor rubro-negro que, com a camisa de número 6, iniciava todas as jogadas de ataque do time.

Na volta para o segundo tempo, o Internacional entrou mais ligado e sabendo que não dava apenas para se defender. Já o Flamengo parecia dar sinais de cansaço, principalmente entre os mais veteranos, casos de Andrade e Zico, motores do time e que tinham corrido muito na primeira etapa. Foi ai que apareceu toda a qualidade e maturidade de um time de jogadores gigantes em suas carreiras. E, além dos jovens que apareceram para dar o suporte aos veteranos craques, Andrade estava com 30 anos, a também experiente dupla de zagueiros formada por Leandro - 28 anos, mas comprometido por graves problemas nos ligamentos do joelho - e Edinho - 32 anos - mostraram-se ligados e intransponíveis nas tentativas de ataque do Internacional. Principalmente nas jogadas aéreas, com Amarildo dando trabalho.

Porém, nos contra-ataques, o time rubro-negro mostrava ter um acervo gigante de opções. Zinho, Bebeto e Renato Gaúcho davam trabalho ao consistente sistema defensivo do Inter. Aos 8 minutos, o Flamengo criou uma grande chance com Zinho e Renato Gaúcho, em chute do meia esquerda pela rede para fora do gol. O jogo era acirrado e amarrado, tendo aos 10 minutos, o zagueiro Edinho levado cartão amarelo por falta duríssima em Amarildo.

A cada minuto que passava, a partida ficava mais aberta. A partir dos 20 minutos, o jogo ficou lá e cá. Em busca do empate, o Internacional deixava muito espaço para o contra-ataque rubro-negro. Zinho era o motor do time na etapa final. Renato Gaúcho, melhor jogador da Copa União, não fazia partida esplendorosa como nas semi-finais contra o Atlético Mineiro de Telê Santana, dava uma canseira imensa para a zaga do time colorado. O segundo tempo estava mais equilibrado. Ainda assim, o Internacional não conseguia levar grande perigo ao goleiro Zé Carlos. O Flamengo era muito mais perigoso quando se arriscava ao ataque.

Já no final da partida, o mítico treinador do Flamengo, Carlinhos, optou por tirar a Zico, de campo, aos 33 minutos, para a entrada de Flávio. Já com 32 anos, Zico havia jogado as últimas partidas daquela Copa União no sacrifício, e passaria por nova intervenção no joelho após os confrontos finais. Já consagrado no futebol, saiu sob o grito de noventa mil pessoas no Maracanã que entoavam: "Ei ei ei, o Zico é nosso Rei!". A partir dali o time rubro-negro se fechou, amarrou mais um jogo, e não deixou que quase mais nada de interessante acontecesse nos minutos finais. Contagem regressiva até o apito final do juiz, quando a massa rubro-negra enfim pode gritar aliviada o grito de "campeão!". Um título merecido, do melhor time do Brasil, e que revelava uma geração fantástica para o futebol brasileiro.







Nenhum comentário:

Postar um comentário