segunda-feira, 7 de maio de 2012

Maiores Jogos da História do Flamengo: 19/06/99 - Flamengo 1 x 0 Vasco




Jogos Inesquecíveis: 19/06/1999 - Flamengo 1 x 0 Vasco

"Naquele ano de 1999, na final entre Flamengo e Vasco, em que Rodrigo Mendes fez o gol do título rubro-negro, lá havia 96 mil torcedores. Essa foi a última vez em que o Maracanã recebeu mais de 80 mil pessoas". (A NAÇÃO, pg. 163)

"O Vasco era o favorito absoluto para o título carioca de 1999. Tinha uma equipe fortíssima, com Juninho Pernambucano, Felipe, Edmundo, Pedrinho e Mauro Galvão. Ainda assim, o Flamengo conseguiu vencer a Taça Guanabara, numa partida em que brilharam Romário e o jovem lateral esquerdo Athirson. O Vasco venceu a Taça Rio por 2 a 0, gols de Edmundo. Com isso, o vermelho e o preto tinham a camisa da cruz de malta pela frente na dificílima missão de erguer o caneco.

Na primeira partida da final, o Vasco tinha amplo domínio do jogo, vencia por 1 a 0, novamente com um gol de Edmundo. A fatura parecia liquidada. Até que Fábio Baiano, de cabeça, empatou o jogo a pouco menos de dez minutos do fim e deu novo ânimo ao time rubro-negro para a finalíssima.

No segundo jogo, o Vasco começou melhor, mas a partida estava mais equilibrada do que nos dois confrontos anteriores (incluindo a final do segundo turno). Logo nos primeiros minutos de jogo, Romário sentiu uma contratura muscular e foi substituído por Caio. A missão parecia estar cada vez mais difícil. Porém, o empate sem gols no primeiro tempo acendeu ainda mais a chama rubro-negra. Na volta para o segundo tempo, os jogadores se abraçaram no meio da intermediária, antes do apito do juiz. Empolgada com o gesto do time, a torcida se uniu à corrente e, daí para frente, não parou mais de gritar e cantar. O caldeirão alquímico da magia rubro-negra começava a funcionar.

Aos trinta minutos do segundo tempo, Caio foi derrubado na intermediária. No minuto seguinte, Rodrigo Mendes cobrou a falta, a bola desviou no cabeça de área vascaíno Nasa, e rolou, caprichosamente, para o canto direito, matando o goleiro Carlos Germano e deixando-o sem ação. O improvável se materializou, o Mengão bateu o Vasco, time campeão da Taça Libertadores de 1998, e sagrou-se campeão carioca". (A NAÇÃO, pg. 208)



Ficha Técnica
19/06/1999 - Flamengo 1 x 0 Vasco
Local: Maracanã, Rio de Janeiro (Público: 87.590 pagantes)
Gol: Rodrigo Mendes (31'2T)
Fla: Clemer, Pimentel, Fabão, Luiz Alberto e Athirson; Leandro Ávila, Jorginho, Fábio Baiano e Beto; Rodrigo Mendes (Maurinho) e Romário (Caio Ribeiro).
Téc: Carlinhos
Vasco: Carlos Germano, Zé Maria, Odvan, Mauro Galvão e Felipe; Nasa, Paulo Miranda, Vágner (Fabricio) e Ramón (Alex Oliveira); Donizete (Guilherme) e Edmundo.
Téc: Alcir Portela




A História do Jogo

Uma vitória simples por 1 a 0, que garantiu ao Flamengo apenas mais um título de Campeão Carioca, como tantos outros levantados na história rubro-negra, aquele era o 25º título do Estadual levantado pelo clube. Mas o que faz um jogo se transformar num épico inesquecível não é propriamente a conquista em si, mas todo o contexto que existe por trás dela. E aquela partida é uma destas em que o contexto foi o que a agigantou para sempre nas memórias dos torcedores rubro-negros.

O Vasco era o clube de maior investimento do Rio de Janeiro naquele final da Década de 1990. Tinha uma milionária parceria com o Bank of America que lhe permitiu montar um elenco extremamente estrelado. Campeão Brasileiro de 1997, Campeão da Copa Libertadores da América de 1998, o time cruzmaltino era considerado amplamente favorito para conquistar o título do Rio de Janeiro naquela final, diante de um Flamengo com elenco muito mais modesto, e repleto de jogadores jovens, formados nas divisões de base do clube.

Após um empate por 1 a 1 no primeiro jogo da final, os vascaínos jogavam por mais um empate para levantar o troféu, pois tinha a vantagem de dois resultados iguais por ter feito melhor campanha na soma dos dois turnos do campeonato.

O jogaço marcava o duelo entre os dois principais atacantes em atividade no Brasil naquele momento, Edmundo, do Vasco, e Romário, do Flamengo. Mas o duelo naquele dia praticamente não aconteceu. O jogador rubro-negro sentiu dores na panturrilha e deixou o campo de jogo logo no início da partida.

A partida começou em bom ritmo. Logo aos dois minutos, o lateral-direito Zé Maria cobrou falta e criou a primeira chance para o Vasco, mas Clemer, bem colocado, defendeu com segurança. O troco do Flamengo chegou quatro minutos depois: Rodrigo Mendes recebeu pela esquerda e chutou cruzado, obrigando o goleiro Carlos Germano a fazer boa defesa.

Aos doze minutos, o volante rubro-negro Leandro Ávila, que havia estado fora do campeonato inteiro por contusão, fez uma grande jogada individual, driblando dois adversários e finalizando de fora da área, a bola passou por cima do travessão. Logo em seguida, Romário saiu de campo, e a partir de então o Flamengo reduziu seu ritmo de jogo. O Vasco procurava tocar passes e ameaçava em contra-ataques.

Aos vinte e um minutos, o meia Ramon teve uma boa chance em uma falta, mas chutou fraco. A partida estava em ritmo lento, e nos últimos quinze minutos da primeira etapa, o jogo caiu muito de ritmo. Aos trinta minutos, Rodrigo Mendes escorou cruzamento, mas tocou para fora. Aos quarenta e um minutos, o lateral-esquerdo Athirson apoiou pela primeira vez o ataque, finalizando forte, Carlos Germano soltou a bola, mas a zaga cruzmaltina aliviou. Uma primeira etapa em resumo pouco agitada. O Vasco não conseguiu se aproveitar de sua superioridade técnica para matar o jogo, e assim deu esperanças ao time rubro-negro, que passou a acreditar ser possível chegar à vitória. A própria torcida rubro-negra, que diferentemente do comum, estava meio tímida na primeira metade do jogo, inflamou-se e passou a gritar desenfreadamente para entusiasmar a seus jogadores.

No segundo tempo, o Flamengo voltou com uma postura mais ofensiva e passou a dominar.
Aos oito min, o árbitro Cláudio Vinicius Cerdeira prejudicou o Flamengo. O meia Beto recebeu a bola livre, em condição legal, e encobriu Germano, mas o juiz assinalou impedimento. Dez minutos depois, Fábio Baiano pegou rebote da defesa, após cruzamento da direita, e chutou com força, rente ao travessão. O Flamengo se animava cada vez mais no jogo, e a torcida se inflamava pelo ritmo do time em campo.

Aos vinte e seis minutos, o zagueiro Luiz Alberto tentou de cabeça, e a bola foi para fora, mas perto do gol. No lance seguinte, Caio foi derrubado na área por Mauro Galvão e reclamou de pênalti, a bola sobrou para Beto, que chutou de fora da área na trave!

Aos 31 minutos, Mauro Galvão fez falta em Caio na intermediária. A cobrança seria de Beto, mas o então camisa 10 da Gávea, Rodrigo Mendes, apesar da distância para a meta de Carlos Germano, estava confiante e pediu para bater a infração. O chute de pé esquerdo saiu forte, a bola desviou em Nasa, que estava na barreira, e morreu nas redes, com o goleiro cruzmaltino imóvel. Explodiu o Maracanã em êxtase!

Pelas palavras do próprio Rodrigo Mendes: "Lembro que o Caio sofreu uma falta do Mauro Galvão depois de uma arrancada pelo meio, foi na entrada da área e eu, o Fábio Baiano e o Beto nos preparamos para bater. Como eu treinava cobranças de falta, eu me senti confiante e pedi para bater, cobrei forte e contei com o desvio na barreira para tirar o Carlos Germano da jogada e fazer o gol. Depois daquele gol, veio o título, que era muito importante. Maracanã lotado, contra o Vasco, vestindo a camisa do meu ídolo, que é o Zico. Marquei meu nome na história do Flamengo com aquele gol. É um dia que eu vou sempre lembrar com carinho durante toda minha vida".

Pouco depois, o time e a torcida do Flamengo tomaram um susto. Cruzamento na área, a bola passou por todos, e encontrou o centroavante Guilherme, que havia entrado em campo poucos minutos antes, sozinho no lado oposto da pequena área. Ele dominou e preparou para soltar um chute potente, enquanto a zaga rubro-negra, em desespero, corria para tentar impedir que a bola fosse concluída ao gol. Não deu tempo dos defensores chegarem perto, ele preparou e chutou, mas a bola saiu por cima do travessão, aliviando a angústia dos olhos rubro-negros que aguardavam o desfecho da jogada.

O relógio corria, e o Vasco não encontrava forças para reagir. Tentava desorganizadamente se lançar ao ataque para tentar achar um gol de empate, mas a defesa rubro-negra espanava tudo para longe, na direção que o nariz estivesse apontando. Até que o árbitro ergueu os braços e assinalou o apito final. Vitória de raça e superação, daqueles dias em um Davi derruba um Golias. Um dia épico, para a eternidade, que fazia com que os rubro-negros igualassem aquele gol ao marcado por Rondinelli em 1978. Uma conquista para lavar a alma que andava mal-tratada e sofrida.






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