quinta-feira, 17 de maio de 2012

Maiores Jogos da História do Flamengo: 24/03/85 - Flamengo 6 x 1 Botafogo




Jogos Inesquecíveis: 
24/03/1985 - Flamengo 6 x 1 Botafogo

Já devolvidos os 6 a 0 para o Botafogo, três anos e meio depois o Mengo voltou a bater de 6 no alvinegro. Desta vez, o show ficou por conta da garotada, comandada pelo técnico Zagallo. A estrela daquela tarde de domingo foi o lateral-esquerdo Adalberto, autor de dois gols. Heider, Adílio, Chiquinho e Gilmar completaram a goleada. Isto, dez dias depois de uma outra goleada, dentro do próprio Maracanã, sobre o Santa Cruz, por 7 a 0. Cresciam as esperanças na nova geração, mas no decorerer do Campeonato Brasileiro, ela acabou "nadando e morrendo na praia".


Ficha Técnica
24/03/1985 - Flamengo 6 x 1 Botafogo
Local: Maracanã, Rio de Janeiro (Público: 68.734 espectadores)
Gols: Elói (3'1T), Adalberto (10'1T), Heyder (40'1T), Adílio (1'2T), Chiquinho (13'2T), Adalberto (42'2T) e Gilmar (45'2T)
Fla: Fillol, Jorginho, Guto, Mozer e Adalberto; Andrade, Adílio e Gilmar Popoca; Heyder, Chiquinho e Paulo Henrique (Adílson Heleno).
Téc: Mário Jorge Lobo Zagallo
Botafogo: Luís Carlos, Josimar, Cristiano, Leiz e Rufino; Alemão, Ademir e Elói; Helinho, Renato Paulista (Baltazar) e Berg (Antônio Carlos).
Téc: Abel Braga





A História do Jogo

A história desta partida começa dois dias antes, numa sexta-feira, dia 22 de março, quando o programa televisivo Globo Esporte, da Rede Globo, leva ao ar uma matéria com Russão, folclórico e emblemático chefe de torcida organizada do Botafogo, que aparece na televisão em um caminhão de rolos de papel higiênico. Perguntado pelo entrevistador qual a utilidade daquela pilha de papéis higiênicos que levaria ao Maracanã para o clássico contra o Flamengo, pela 4ª rodada do returno do Campeonato Brasileiro, ele diz: "O negócio é o seguinte. O pessoal do Flamengo, quando encontra com o Botafogo, se borra todo, né, mermão?". No primeiro turno daquele campeonato de 1985, os alvi-negros tinham conseguido uma vitória de virada por 2 x 1, com o gol decisivo saindo nos minutos finais.

O Botafogo chegava ao clássico embalado por duas boas vitórias, por 1 x 0 sobre o Internacional e por 3 x 1 sobre o São Paulo, e sua torcida estava empolgada e embalada. O Flamengo, campeão do primeiro turno em seu grupo e já classificado, oscilava entre boas e más atuações.

No time alvi-negro, destacavam-se o volante Alemão e o lateral-direito Josimar, que viriam a se destacar em breve pela Seleção Brasileira, além de nomes experientes, como o meia Elói, o atacante Renato, ex-Guarani, São Paulo e reserva de Zico na Copa do Mundo de 1982), e o centroavante Baltazar, dois anos antes campeão brasileiro com o Flamengo, e de jogadores que vinham se destacando, como os pontas Helinho e Berg. No time rubro-negro, o técnico Zagallo quebra a cabeça para procurar substitutos para seus três grandes desfalques: Leandro na zaga, Bebeto na ponta-de-lança e Marquinho na ponta-esquerda. Apostou na garotada, tendo o time ido a campo com nada menos do que seis jogadores de 21 anos ou menos.

E por conta desta fase, pelo menos dois terços dos quase setenta mil torcedores presentes no Maracanã naquela tarde eram botafoguenses. E a torcida alvi-negra foi à euforia logo aos dois minutos, quando Renato fez jogada de ponta pela esquerda, foi à linha de fundo e cruzou para Elói escorar e abrir o placar.

Mas logo o Flamengo equilibrou as ações e empatou a partida já aos dez, com o lateral-esquerdo Adalberto, que tabelou com Adílio, recebeu e tocou sem muita força, para superar ao goleiro Luís Carlos. Já senhor das ações, o time rubro-negro virou ainda no primeiro tempo, com o ponta-direita Heyder, jogador emprestado pelo Náutico, que bateu de pé esquerdo e marcou.

No segundo tempo, com apenas um minuto, saiu o terceiro. Bola levantada na área, Chiquinho meteu a cabeça e Adílio desviou, também de cabeça, matando Luís Carlos: 3 a 1. Dali em diante quem comandou as ações foi o jovem lateral Adalberto, 20 anos, que teve uma atuação para lembrar Júnior, que alguns meses antes havia trocado o Flamengo pelo Torino, da Itália. Tanto na defesa, controlando totalmente o ponta Helinho, quanto no ataque, a atuação de Adalberto foi brilhante. Aos 13 minutos, o garoto da praia de Copacabana foi lançado na ponta, passou por Cristiano como se ele não existisse, foi à linha de fundo e serviu Chiquinho, jovem centroavante em busca de afirmação, que marcou o quarto gol. Goleada no Maracanã!

O Flamengo dominava amplamente o jogo. "Achava pouco e queria mais", como dizia o narrador Januário de Oliveira, que estava a frente da transmissão que era realizada pela TV Educativa (TVE). O Flamengo seguia pressionando! Gilmar acertou um lindo sem-pulo, após cruzamento de Heyder, mas Luís Carlos segurou. Depois, Adílio reclamou de um pênalti de Cristiano, que o calçou e o parou com uma mão no peito. Na pressão, Chiquinho quase marcou de carrinho ao tomar a bola numa reposição desastrosa do goleiro botafoguense. Mozer bateu a falta e arrancou um "uuuh!" da torcida rubro-negra. Apesar da pressão, parecia que a goleada ficaria naquilo. Mas, acovardado e intimidado, o time do Botafogo não conseguia resistir.

Já nos minutos finais, Adalberto tocou para Gilmar, que devolveu lançando para o lateral, que disparou pela ponta, deu um leve toque que fez Josimar e Cristiano baterem de cara um com o outro, entrou na área, driblou Luís Carlos e marcou o quinto. Um golaço! Um gol consagrador do melhor jogador em campo, ao lado de Adílio. O vascaíno Sérgio Cabral escreveria em sua coluna para o Jornal O Globo no dia seguinte: "Adílio ontem me lembrou Zizinho".

No último minuto, ainda houve tempo para um fecho com chave de ouro. Andrade, o carrasco dos 6 a 0 de 81, recebeu de Gilmar, entrou driblando na área e chutou, Luís Carlos deu o rebote, e Gilmar reapareceu para tocar para dentro do gol alvi-negro: Seis! Outra vez!

Não foi dada nem uma nova saída, com o jogo terminando no abraço coletivo dos rubro-negros. E aos botafoguenses, as palavras do herói do dia, Adalberto, ao fim do jogo: "Papel higiênico, se sobrou, é para eles enxugarem as lágrimas de 17 anos sem títulos". E foi com papéis higiênicos que os jogadores rubro-negros penduraram um 6 x 1 improvisado atrás de onde o técnico Zagallo dava entrevistas aos jornalistas. Goleada magistral!





Nenhum comentário:

Postar um comentário