quinta-feira, 5 de julho de 2012

Maiores Jogos da História do Flamengo: 18/10/09 - Flamengo 2 x 0 Palmeiras




Jogos Inesquecíveis: 18/10/2009 - Flamengo 2 x 0 Palmeiras

Na arrancada para o título brasileiro de 2009, o Flamengo derrubou o então líder do campeonato, o Palmeiras, do técnico Muricy Ramalho, dentro de seus domínios. Ali, pode-se ter certeza de que o Flamengo era sim um dos candidatos ao título daquele ano.


"A campanha rubro-negra teve atuações memoráveis da dupla Petkovic e Adriano, que obtiveram resultados gloriosos, dentre os quais o mais reluzente foi a vitória por 2 a 0 sobre o então líder Palmeiras, dentro do Parque Antarctica, em São Paulo, com dois gols do meia sérvio, um dos quais tendo sido um gol olímpico. Uma rodada antes, os rubro-negros já haviam batido os são-paulinos, de virada, por 2 a 1 no Maracanã". (A NAÇÃO, pg. 246)


No primeiro tempo, Pet fez uma jogada genial, entrou pela área se livrando de vários marcadores e chutou de pé trocado, surpreendendo o goleiro Marcos. No segundo, cobrou escanteio rasteiro, o zagueiro palmeirense furou e atrapalhou Marcos, a bola bateu no goleiro e cruzou a linha do gol. No fim, o centroavante palmeirense Vágner Love ainda chutou um pênalti para fora.




Ficha Técnica
18/10/2009 - Flamengo 2 x 0 Palmeiras
Local: Parque Antártica, São Paulo (Público: 26.462 pagantes)
Gols: Petkovic (23'1T) e (16'2T)
Fla: Bruno, Leonardo Moura, Airton, Ronaldo Angelim e Juan; Maldonado, Toró (Gonzalo Fierro), Willians e Dejan Petkovic (Welinton); Zé Roberto (Lenon) e Adriano.
Téc: Andrade
Palmeiras: Marcos, Wendel, Maurício, Danilo e Pablo Armero; Edmílson, Souza, Diego Souza e Cleiton Xavier; Robert (José Maria Ortigoza) e Vágner Love.
Téc: Muricy Ramalho




A História do Jogo

A vitória rubro-negra sobre o líder Palmeiras, dentro de São Paulo, pela 30ª rodada do Campeonato Brasileiro de 2009 foi um marco na virada do time dentro do torneio e em sua escalada até a conquista do título. O time do Flamengo estava totalmente desacreditado pela imprensa, e não era considerado, a nove rodadas do fim, apto à luta para ser campeão. O clube se reestruturava após ter vivido a pior crise financeira de sua história, e neste processo de reestruturação, havia sido campeão da Copa do Brasil em 2006, e havia faturado o Tri-campeonato Carioca em 2007-2008-2009. A imprensa, porém, já desde o início daquela década tomada por jornalistas paulistas, titubeava que o título da Copa do Brasil havia sido acaso, e que a dominância no futebol do Rio de Janeiro era mera consequência da fragilidade dos adversários, que estavam sucumbidos numa crise financeira ainda mais grave. O Flamengo era dado como carta fora do baralho entre as principais forças do futebol nacional.

O time tinha conquistado uma importante vitória na 29ª rodada, quando venceu ao São Paulo por 2 x 1 no Maracanã, rodada na qual o líder Palmeiras perdeu por 3 a 0 para o Náutico no Estádio dos Aflitos, em Recife. Entre os seis primeiros colocados, o Flamengo foi o único a ter vencido naquela 29ª rodada, justamente ao São Paulo. O Internacional empatou em casa com o Atlético Paranaense por 1 a 1, o Atlético Mineiro perdeu por 1 a 0 para o Cruzeiro, e o Goiás empatou em casa com o Sport Recife. Ao fim da rodada, o Palmeiras era o líder, ocupando o 1º lugar com 54 pontos, seguido pelo São Paulo, em 2º com 49 pontos, pelo Internacional em 3º com 48, e empatados em 4º lugar estavam Atlético Mineiro e Goiás com 47 pontos. O Flamengo era apenas o 6º, tendo com a vitória sobre o São Paulo saltado a 45 pontos. No embate como visitante contra o líder, todo o favoritismo era dado ao time alvi-verde.

O Flamengo chegava para o confronto embalado, sua última derrota havia sido na 21ª rodada, quando foi derrotado por 3 a 0 pelo Avaí no Estádio da Ressacada, em Florianópolis. Depois disto, venceu como mandante a Santo André (3 x 0), Sport Recife (3 x 0), Coritiba (3 x 0), e São Paulo (2 x 1), além de ter vencido o Fla-Flu (2 x 0). Como visitante, tinha obtido três empates, contra Atlético Paranaense (0 x 0), Internacional (0 x 0) e Vitória (3 x 3). Chegava para enfrentar o líder após, portanto, uma sequência de 8 jogos sem perder. Já o Palmeiras enfrentava uma forte instabilidade, tendo nas duas rodadas anteriores perdido para Avaí e Náutico.

Os holofotes da mídia estavam direcionados para Diego Souza, no Palmeiras, e Adriano Imperador, no Flamengo, mas quem brilharia naquela tarde ensolarada de domingo na capital paulista seria outro jogador, que naquele dia usava a camisa 43. O time rubro-negro entrava em campo desfalcado do zagueiro Álvaro, e com o cabeça de área Airton improvisado na função de zagueiro. Assim como nas partidas anteriores, o técnico Andrade jogava com um meio de campo bastante fechado, com três cabeças de área, que naquele dia, com Airton deslocado, era formado pelo chileno Maldonado, ao lado de Willians e Toró. Um sistema com um forte viés defensivo.

Os donos da casa começaram a partida a todo vapor. Aos dois minutos, um cruzamento para a área e Diego Souza de cabeça pôs a bola passando rente à trave. Mas apesar da pressão palmeirense, o jogo era um tanto morno. Uma nova chance de perigo aconteceu aos vinte minutos, quando o lateral colombiano Armero levantou para área e Robert de cabeça mandou sobre o gol de Bruno, assustando a defesa rubro-negra. O artilheiro daquele Campeonato Brasileiro, Adriano, estava sendo seguido de perto pelo zagueiro palmeirense Maurício, o sistema ofensivo teria que tirar outras cartas da manga para gerar alguma novidade naquela partida.

Após o Palmeiras ter criado as melhores chances dos primeiros vinte minutos, quem chegou ao ataque com mais eficiência, aos vinte e três minutos, foi o Flamengo, quando Petkovic deixou a primeira de suas obras-primas daquela tarde: o meia sérvio passou por três marcadores e tocou de perna trocada, com categoria, no ângulo do goleiro alvi-verde Marcos. Um golaço!

Em desvantagem, o Palmeiras tratou de empurrar o Flamengo para seu campo de defesa, que recuado tentava explorar contra-ataques. A pressão alvi-verde aumentou nos minutos seguintes. Primeiro, aos vinte e oito minutos, mais uma vez numa cobrança de escanteio, Cleiton Xavier colocou na área e Danilo subiu alto e testou com perigo. Na sequência, aos trinta e quatro minutos, Vágner Love quase empatou, ao girar o corpo na entrada da área e mandar bomba com o pé esquerdo, com Bruno saltando e impedindo o gol. Foi a última ação relevante naquele primeiro tempo, com o intervalo chegando com vantagem rubro-negra no placar, pelo placar mínimo.

Na volta para o segundo tempo, a primeira oportunidade de perigo foi rubro-negra. Logo aos três minutos, num contra-ataque veloz, Leonardo Moura entrou frente a frente com Marcos, mas o goleiro conseguiu cortar a bola com o pé e a zaga afastou para longe, eliminando o risco de um novo gol flamenguista.

O equilíbrio permanecia, o time rubro-negro tentava se aproveitar da ansiedade do time do Palmeiras para matar o jogo. Mas o segundo jogo volta a sair pelo mérito individual do herói daquele dia, numa nova obra prima. Aos dezessete minutos, o Flamengo conseguiu um escanteio pelo seu lado esquerdo de ataque e Pet foi para a cobrança. O sérvio cobrou fechado, na primeira trave, onde o zagueiro Ronaldo Angelim apareceu trazendo a zaga alvi-verde com ele para tentar completar a gol. Ele tentou dar um toque mas não conseguiu tocar na bola, que passou por todos, fazendo uma curva na pequena área e chegando rasteira ao goleiro palmeirense, que se confundiu com a movimentação de Angelim e de sua defesa à sua frente e não conseguiu cortar, com a bola batendo nele e cruzando à linha, Petkovic novamente brilhava, marcando o segundo, gol olímpico: 2 a 0!

Atrás no marcador, o Palmeiras se aventurava no ataque sem muita criação. Recorria a cruzamentos na área, mas era parado pela defesa rubro-negra. Aos vinte e cinco minutos, Diego Souza cobrou falta da intermediária com perigo, mas Bruno defendeu. O Flamengo administrava o jogo, buscando explorar Adriano e Pet para manter a bola longe de sua defesa. O relógio corria, e os donos da casa não conseguiam diminuir. E aos trinta minutos foi o Flamengo quem quase marcou novamente: uma cabeçada de Zé Roberto acertou o travessão de Marcos.

Aos quarenta e um minutos do segundo tempo, o árbitro Sandro Meira Ricci apontou pênalti a favor do Palmeiras. O centroavante alvi-verde Vágner Love foi para a cobrança, dando esperança ao público da casa de uma diminuição do placar, que seguida por uma pressão nos minutos finais, pudesse ser convertida num empate. Porém, Love isolou, chutando a cobrança por cima do travessão de Bruno, e frustrando o público do Parque Aquático.

Vitória de epopeia! E com ela, o Flamengo decretou a terceira derrota consecutiva do líder Palmeiras, sua primeira em casa naquele Brasileirão. Um triunfo orquestrado, sobretudo, por uma grandiosa atuação individual de seu camisa 43, Petkovic, o autor dos dois gols da partida. O sérvio, herói rubro-negro na final do Carioca de 2001 sobre o Vasco, quando marcou o gol da vitória aos 43 minutos do 2º tempo, havia regressado ao Flamengo durante o 1º turno daquele Campeonato Brasileiro de 2009, e encontrando a camisa 10 sendo usada por Adriano, escolheu usar o número referente ao tempo de jogo de quando marcou o gol que o alçou ao panteão de heróis da história rubro-negra. Seu regresso ao clube foi muito contestado, mas naquele dia, no Parque Antárctica, ele mostrava o quanto ainda podia ser útil ao clube.

Com aquela vitória, o Flamengo conseguiu seu nono jogo consecutivo sem derrota naquela campanha, saltando para 48 pontos ganhos, seis atrás do ainda líder Palmeiras, que terminava a rodada estacionado em 54 pontos. O time rubro-negro com a vitória, subiu uma posição, passando o Goiás e terminando a rodada em 5º lugar. O vice-líder, quatro pontos atrás do Palmeiras, era o Atlético Mineiro, com 50 pontos, somente dois a mais do que o Flamengo. Internacional e São Paulo ainda apareciam com 49, um ponto a frente do time rubro-negro. Àquela altura, apesar de ter encostado no pelotão de frente, todos acreditavam que a luta rubro-negra era por uma vaga entre os que se classificariam à Copa Libertadores da América de 2010. O Flamengo, porém, logo provaria o quanto a maioria estava equivocada.


Arte do Jornal O GLOBO, ilustrando o gol olímpico marcado por Pekovic




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