quarta-feira, 16 de abril de 2014

Gestão Azul: Capítulo 6 - Troféu com frustração

O primeiro ano da gestão de Eduardo Bandeira de Mello foi marcado pela contenção total de gastos. Os investimentos modestos não eram para conquistar títulos, ainda assim o clube foi premiado e sagrou-se Campeão da Copa do Brasil 2013.

Para o ano de 2014 a meta era a Libertadores, mas o orçamento continuava com restrição a ousadias. A primeira meta era manter o time campeão, mas o grupo sofreu duas baixas. O empréstimo do principal jogador da conquista, o meia Elias, chegou ao fim, e o Sporting Lisboa, de Portugal, exigia muito dinheiro. Foram várias rodadas de negociação, o assunto virou uma novela, mas o Flamengo não foi feliz em mantê-lo. Ao mesmo tempo a diretoria foi surpreendida com a atitude de Luiz Antônio, que entrou na justiça pedindo rompimento de contrato por atrasos de pagamento. A diretoria foi firme, ganhou nove vezes nos tribunais e forçou um acordo para a reapresentação do volante. Mas Luiz Antônio ficou fora da Libertadores e de boa parte do Carioca. Foram duas baixas que fizeram falta.

O Flamengo fez contratações visando montar um elenco equilibrado e que desse diferentes opções para o treinador Jayme de Almeida. O planejamento foi traçado com o time fazendo a pré-temporada no Ninho do Urubu. Nas duas primeiras rodadas do Carioca, foi utilizado um "time C", mas o Flamengo venceu os dois jogos. Por conta da Libertadores, em várias rodadas jogou o "time B". Ainda assim, o Flamengo sobrou na Primeira Fase (Taça Guanabara), que foi jogada em 15 rodadas de turno único. Foi campeão por antecipação, e terminou com bastante vantagem para o Fluminense, o segundo colocado. Foram 8 contratações: o lateral-direito Léo e o meia Éverton (ambos do Atlético Paranaense, vice da Copa do Brasil), o argentino Mugni, o zagueiro da Seleção do Equador, Frickson Erazo, o jovem volante Feijão (do Bahia) e o experiente volante Márcio Araújo (ex-Atlético Mineiro e Palmeiras); para o meio também chegou Elano, com a exeriência de quem já tinha vestido a camisa da Seleção Brasileira, e para o ataque o experiente centroavante Alecsandro. Um elenco recheado! Ainda houve as voltas de Muralha e Negueba, que haviam estado emprestados a Portuguesa de Desportos e São Paulo, respectivamente.

O "time A": Felipe, Leonardo Moura, Wallace, Samir e André Santos; Amaral, Muralha, Elano e Everton; Paulinho e Hernane.

O "time B": Paulo Victor, Léo, Chicão, Erazo e João Paulo; Cáceres, Márcio Araújo, Lucas Mugni e Carlos Eduardo; Gabriel e Alecsandro.

O "time C": Luan, Digão, Welinton, Frauches e Jorge; Feijão, Luiz Antônio, Rodolfo e Matheus; Negueba e Nixon.

O elenco ainda se dava ao luxo de ter o zagueiro da Seleção do Chile, Marcos González, fora dos planos. Um elenco sem nenhuma grande estrela, mesclando experiência e juventude, e com peças de reposição para suprir as contusões.

Campeão da Taça Guanabara, o time passou sem dificuldades pela Cabofriense na semi-final e avançou para fazer a final do Carioca contra o Vasco. Se ia bem no Estadual, o mesmo não aconteceu na Libertadores da América, motivo de enorme frustração. O time fez péssima campanha na 1ª fase, com 2 vitórias, 1 empate e 3 derrotas, acabou eliminado em um grupo que tinha Leon, Bolivar e Emelec, estando portanto longe de poder ser considerado um grupo de elevado nível técnico. Frustração e prejuízo financeiro, já que a eliminação gerava perdas pelo não recebimento das bonificações pagas aos clubes que avançavam de fase.

Faltou um pouco mais de experiência a Jayme de Almeida na hora de realizar suas escolhas, faltou um pouco mais de poder ofensivo, já que Paulinho e Hernane, estrelas da conquista da Copa do Brasil, oscilaram muito, e faltou um jogador de maior qualidade na armação do meio-campo, jogador este que a peça mais cara do elenco, Carlos Eduardo, nunca conseguiu ser, desde que chegara à Gávea, e que tampouco o jovem meia argentino, Lucas Mugni, promessa contratada no início do ano, teve tempo para se converter. Everton e Gabriel ofereciam opções de velocidade, mas o time carecia de um grande cérebro organizador de jogadas.

Para minimizar a frustração, um troféu: o Flamengo venceu mais uma vez o Vasco, mais uma vez com um gol nos minutos finais, e sagrou-se Campeão Carioca de 2014. A final terminou com dois empates por 1 x 1, garantindo a conquista pela vantagem obtida pela melhor campanha na Primeira Fase, que só aconteceu pelos bons resultados obtidos por um elenco que oferecia muitas opções ao treinador.

A meta de sucesso da temporada - a Libertadores - terminou num retumbante fracasso. Mas pior teria sido se além de fracassar e frustrar suas pretensões no torneio continental, o time não tivesse conquistado o Estadual.

Era tempo então de pensar no Brasileiro e tentar fazer melhor do que a campanha ruim de 2013. O elenco oferecia boas opções ao treinador, mas o time carecia de uma peça que fosse um diferencial de qualidade no municiamento do ataque. O empréstimo de Carlos Eduardo chegava ao fim, ele voltaria ao Rubin Kazan, da Rússia. Com a saída do maior saláro do elenco, haveria margem para ao menos uma aposta mais ousada? Deveria...

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