sexta-feira, 27 de março de 2015

História da Ginástica Artística do Flamengo

Desde meados dos Anos 1980, o Flamengo é o grande pilar da Ginástica Artística Brasileira. A Gávea conquistou a hegemonia nacional absoluta no feminino deste esporte, só passando a ter um concorrente com o início do projeto da Prefeitura de Curitiba, o Centro de Excelência da Ginástica (Cegin).

Nesta era, sob o comando da técnica Georgette Vidor, a Gávea produziu as maiores ginastas brasileiras.

A primeira a brilhar foi Tatiana Figueiredo, que como única representante do Brasil nas Olimpíadas de 1984, em Los Angeles, conseguiu a 27ª colocação no individual geral, o ápice da ginástica artística brasileira até então.

Em seguida, entre 1987 e 1992 quem brilhou e bateu recordes, tornando-se símbolo da ginástica olímpica nacional foi Luísa Parente, hexacampeã brasileira e campeã pan-americana, foi a representante do Brasil nas Olimpíadas de 1988, em Seul, e 1992, em Barcelona.

Luisa Parente e Georgette Vidor

Depois de Luísa, quem brilhou foi Soraya Carvalho, bicampeã brasileira de 1994/95, que chegou a figurar entre as quinze melhores do mundo (algo até então inédito).

Daniele Hypólito, uma das maiores ginastas da história do esporte no Brasil; seu irmão Diego Hypólito, o primeiro brasileiro a ter destaque no masculino e a ganhar medalha de ouro em campeonatos mundiais; e ainda Jade Barbosa, medalhista, como os irmãos Hipólito, em Jogos Pan-Americanos.

Daniele Hypólito ganhou várias medalhas em Jogos Pan-Americanos: ganhou um Bronze em 1999, duas Pratas e dois Bronzes em 2003, uma Prata e um Bronze em 2007 e dois Bronzes em 2011. Em etapas da Copa do Mundo, ganhou duas Medalhas de Ouro, no Salto e no Solo, na etapa do Porto, na qual também foi Bronze nas Barras Assimétricas. Na etapa de Doha, no Catar, em 2011, foi Medalha de Ouro no Salto e Bronze no Solo.

Daniele Hypólito

Seu irmão, Diego Hypólito, em Jogos Pan-Americanos ganhos duas Pratas em 2003, dois Ouros e uma Prata em 2007, e três Ouros em 2011. Seu grande ano, no entanto, foi 2004, quando ganhou cinco Medalhas de Ouro em etapas da Copa do Mundo: quatro no Solo, no Rio de Janeiro, em Glasgow, em Ghent e em Birmingham, e uma no Salto sobre o cavalo, no Rio de Janeiro, modalidade em que ficou com o Bronze em Ghent. Em Copas do Mundo foi Medalha de Ouro no Solo em Melbourne 2005, Cottbus 2006, em Stuttgart 2007, em Madrid 2008, Maribor 2009, Glasgow 2009, Moscou 2009 e Osijek 2009. Medalha de Prata em Cottbus 2006 e Cottbus 2009. No Campeonato Mundial foi Prata no Solo em 2006, Ouro no Solo em 2007, e Bronze no Solo em 2011.

Diego Hypólito

Já Jade, teve seu grande ano de estouro em 2007, aos 16 anos. Ela ganhou Medalha de Ouro na prova de Salto, Medalha de Bronze no Solo, e Medalha de Prata por Equipes, nos Jogos Pan-americanos do Rio de Janeiro. No Mundial de Stuttgart, Jade Barbosa conquistou o inédito pódio do Individual Geral para a ginástica do Brasil, ficando com a Medalha de Bronze. Na etapa da Copa do Mundo de Stuttgart foi Medalha de Prata no Salto sobre o cavalo e no Solo. Na etapa em Cottbus, foi Medalha de Prata no Salto. Em 2008 foi Medalha de Ouro no Salto sobre o cavalo na etapa da Copa do Mundo em Moscou, e repetiu duas pratas na etapa de Cottbus. Voltou a conquistar medalhas em etapas do Mundial, sempre no Salto sobre o cavalo. Foi Bronze em Moscou em 2011, Ouro em Gante no mesmo ano, e novo Ouro em Anadia em 2013.

Jade Barbosa

Todos estes nomes - Tatiana Figueiredo, Luísa Parente, Soraya Carvalho, Daniele Hypólito, Diego Hypólito e Jade Barbosa - garantiram a Ginástica Artística do Flamengo com representantes em todas as edições de Jogos Olímpicos entre 1984 e 2008.

A Gávea também foi a casa de Mosiah Rodrigues e Sérgio Sasaki. Em toda a história da Ginástica Artística Brasileira, só três nomes dentre os que brilharam internacionalmente não tiveram ligação com o Flamengo: Daiane de Souza, Laís de Souza (que chegou a defender o Flamengo, mas não foi cria da Gávea) e Arthur Zanetti.

O Flamengo foi Campeão Brasileiro de Ginástica Artística no Masculino em 1995, 2006 e 2007, e foi Tri-campeão da Taça Brasil Masculina em 2010-2011-2012. No Feminino, foi Campeão Brasileiro em 13 das 14 primeiras edições: entre 1989 e 2002, só perdeu o título em 1998, quando o campeão foi o Grêmio Náutico União, do Rio Grande do Sul. Voltou a conquistar o troféu em 2006, viu o Cegin ser tricampeão, mas recuperou a hegemonia a partir de 2010, sendo tricampeão brasileiro. Nos anos seguintes, Flamengo e Cegin se revezaram na conquista do título.

No começo de 2013, buscando garantir a auto-sustentabilidade num esporte que durante três décadas só gerou déficit para o fluxo de caixa do clube, foram dispensados Diego Hipólito, Daniele Hipólito e Jade Barbosa. A imprensa fez um carnaval em críticas! Mas as divisões de base da Ginástica Artística do Flamengo nunca tiveram suas atividades encerradas. E os frutos continuaram surgindo. Flávia Saraiva ganhou Medalha de Prata nas Olimpíadas da Juventude 2014, em Nanquim, na China, e Rebeca Andrade, Medalha de Prata no Mundial de 2015 nas barras aasimétricas.

A partir de 2013, Daniele Hypólito passou a competir pelo Cegin, de Curitiba, e Diego Hypólito pelo Pinheiros, de São Paulo, que passou a assumir a hegemonia nacional no masculino. Mas no feminino, o Flamengo voltou ao topo do cenário nacional em 2014, quando foi campeão tanto do Campeonato Brasileiro quanto da Taça Brasil, mantendo a excelência que sempre teve em sua história.

O ápice de todo o trabalho de longo prazo feito pelo Clube de Regatas do Flamengo na Ginástica, uma contribuição gigantesca para o esporte brasileiro, foi atingido a partir de 2021. A grande representante deste legado rubro-negro no esporte foi Rebeca Andrade, que levou a ginástica brasileira a seu apogeu. Em 2021, ela conquistou uma Medalha de Ouro (no salto) e uma Medalha de Prata (no individual geral) nos Jogos Olímpicos de Tóquio, e ganhou duas medalhas no Mundial, ficando com o Ouro no salto e a Prata nas barras assimétricas. Já havia alcançado então o maior desempenho de uma ginasta do Brasil na história. Em 2022, ele conseguiu ainda mais no Campeonato Mundial disputado em Liverpool, na Inglaterra, sendo Medalha de Ouro no Individual Geral, a ginasta mais completa do mundo naquele momento. Primeira vez na história que uma ginasta brasileira foi Campeã Mundial no Individual Geral! Ela ainda conquistou uma Medalha de Bronze no solo nesta edição.

Um fantástico degrau mais alto para uma trajetória do Flamengo na Ginástica Artística que galgou degraus, com muito esforço, e paulatina e constantemente, desde os Anos 1980.



A ginástica rubro-negra seguiu fazendo história em verde e amarelo quando, no Campeonato Mundial de 2023 disputado em Antuérpia, na Bélgica, com quatro das cinco ginastas da Seleção Brasileira sendo atletas do Flamengo - Rebeca Andrade, Flávia Saraiva, Jade Barbosa e Lorrane Oliveira - o Brasil conquistou sua primeira medalha por equipes na história em uma edição de Mundial. Rebeca e Flávia competiram nas quatro categorias - barras assimétricas, trave, solo e salto -, Jade participou no salto, e Lorrane nas barras.

E não parou nisto, Rebeca Andrade conseguiu a Medalha de Prata no Individual Geral, sendo a 2ª melhor ginasta do mundo em 2023, atrás apenas da norte-americana Simone Biles, e ainda obteve a Medalha de Ouro no salto - conquitando seu segundo título mundial nesta prova (2021 e 2023) - e a Medalha de Bronze na trave. No solo, Rebeca ganhou a Medalha de Prata e Flávia Saraiva a Medalha de Bronze, com uma dobradinha de atletas do Flamengo no pódio, ao lado da norte-americana Simone Biles. Recorde absoluto na história da ginástica brasileira: 6 medalhas conquistadas no Mundial de 2023, todas por atletas do Clube de Regatas do Flamengo, sendo 5 delas obtidas pela fenomenal Rebeca Andrade!



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