segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Grandes Temporadas: Campeão Brasileiro de 1992

A temporada de 1992 já começava com a disputa do Campeonato Brasileiro logo no 1º semestre. O time do técnico Carlinhos vinha embalado pela conquista do Campeonato Carioca de 1991. A estrutura da equipe foi integralmente mantida. A grande expectativa ficou por conta da decisão de Júnior, que estava decidindo se pararia de jogar e se aposentaria, ou se continuaria por uma temporada mais. Ele decidiu continuar, e o Flamengo entrou na disputa com os mesmo time titular campeão estadual: Gilmar Rinaldi, Charles Guerreiro, Wilson Gottardo, Júnior Baiano e Piá; Uidemar, Júnior, Nélio e Zinho; Paulo Nunes e Gaúcho. Um grupo recheado por uma geração de jovens que havia conquistado o título da Copa São Paulo Sub-20 em 1990, como eram os casos dos titulares Júnior Baiano, Nélio e Paulo Nunes, e dos reservas Adriano, Marquinhos, Fabinho, Marcelinho Carioca e Djalminha. Além de outros que não participaram daquela conquista, mas também eram crias das divisões de base rubro-negra e recém-promovidos ao profissional, como eram os casos de Piá, Gélson Baresi e Rogério Lourenço.

Pouquíssimas peças de reposição foram contratadas no início do Brasileiro de 1992, e as poucas que chegaram foram apostas. Nenhuma grande contratação. Chegaram à Gávea o meia-atacante Júlio César, contratado ao Atlético Goianiense, e o centroavante Toto, destaque do modesto Inter de Lages no Campeonato Catarinense de 1991.

Uma curiosidade deste elenco, era que não havia nenhum lateral-direito de ofício, os dois jogadores que atuaram nesta posição durante o campeonato daquele ano eram originalmente volantes, que jogaram improvisados na lateral, como eram Charles Guerreiro e Fabinho.

O elenco rubro-negro no Brasileiro de 1992 era um time recheado de jovens talentos. Nunca o Flamengo teve, na história, um elenco tão cheio de jogadores revelados na Gávea. Do elenco listado a seguir, dos 22 jogadores, 15 foram criados nas divisões de base do clube. Uma geração inteira com um potencial enorme para dar vários títulos ao clube, mas que se perdeu por problemas constantes de indisciplina. Eis o elenco de 1992:

Goleiros: Gilmar e Adriano
Laterais: Charles, Fabinho e Piá; 
Zagueiros: Wilson Gottardo, Júnior Baiano, Gélson, Rogério e Mauro
Volantes: Uidemar, Júnior e Marquinhos
Meias: Nélio, Zinho, Djalminha, Marcelinho e Zé Ricardo
Atacantes: Paulo Nunes, Júlio César, Gaúcho e Toto 




A campanha começou promissora, sem nenhuma derrota nos cinco primeiros jogos. O Flamengo empatou com o Bahia, em Salvador (1 x 1), venceu o Guarani, em Campinas (3 x 1), empatou com o Botafogo (2 x 2), venceu ao Palmeiras, em São Paulo (2 x 1) e venceu, no Maracanã, ao campeão paulista de 1991, São Paulo, por 3 x 2. Um excelente tiro de largada.

Nas sete rodadas seguintes, no entanto, o time sofreu um revés. Perdeu para o Cruzeiro no Maracanã (2 x 1), venceu o Figueirense (2 x 1), perdeu para o Santos, na Vila Belmiro (2 x 0), empatou com o Atlético Mineiro, em Belo Horizonte (1 x 1), perdeu para o Bragantino, dentro do Maracanã (1 x 0), empatou sem gols com o Náutico, em Recife, e sofreu uma duríssima derrota de 4 x 2 para o Vasco, que tinha um ataque com Edmundo e Bebeto. O termômetro de uma potencial crise começava a subir.

O Flamengo começou a esboçar uma reação a partir da 13ª rodada, quando venceu ao Atlético Paranaense no Maracanã, com dois gols do centroavante reserva Toto. Na rodada seguinte, nova vitória, 3 x 1 sobre o Corinthians dentro do Pacaembu, na capital paulista. Depois o time empatou com o Fluminense (1 x 1) e sofreu uma derrota para o Sport Recife em pleno Maracanã (2 x 1), o que mostrava como aquele jovem time era inconstante.

Nos quatro jogos seguintes, porém, nenhuma derrota, e o time voltou a subir no campeonato, conseguindo sua classificação à 2ª fase. O Flamengo goleou ao Paysandu por 4 x 1 no Maracanã, empatou com a Portuguesa de Desportos, no Canindé (1 x 1), e jogou os dois jogos finais da fase classificatória no Maracanã, e vencendo ao Goiás (3 x 1) e ao Internacional (2 x 0). Com estas vitórias,o time rubro-negro conseguiu terminar a fase classificatória em 4ª lugar (oito se classificavam) com 22 pontos, obtidos em 8 vitórias, 6 empates e 5 derrotas (na época a vitória ainda valia dois pontos, não valia três).

O campeonato tinha 20 times, que jogavam em turno único na Fase Classificatória. O Flamengo terminou 4 pontos atrás do líder Vasco, e dois pontos atrás de Botafogo e Bragantino, que com o mesmo número de pontos, ocupavam a segunda e a terceira posições. Com o mesmo número de pontos terminou o Corinthians, que ficou em quinto pelos critérios de desempate (o saldo de gols rubro-negro tinha seis tentos a mais que o do alvi-negro paulista). Só um ponto atrás estavam São Paulo, Cruzeiro e Santos, que ocuparam os últimos três postos do G-8 que classificava à 2ª fase. Dois pontos atrás do Flamengo, estava o 9º colocado, o Guarani, o primeiro entre os eliminados ao fim do turno.

Na 2ª fase as oito equipes se dividiam em dois grupos de quatro, que se enfrentariam em turno e returno, com os vencedores de cada grupo avançando para fazer a final e disputar o título. De um lado ficaram Vasco (1º), Flamengo (4º), São Paulo (6º) e Santos (8º). Um grupo dificílimo. Do outro, Botafogo (2º), Bragantino (3º), Corinthians (5º) e Cruzeiro (7º). Na Fase Classificatória, o Flamrngo havia vencido ao São Paulo, e sido derrotado por Vasco e Santos.

Embalado, o time rubro-negro começou com uma boa vitória, batendo ao São Paulo por 1 x 0 no Maracanã, gol do zagueiro Rogério Lourenço. Na 2ª rodada, derrota por 1 x 0 para o Santos no Morumbi. A sequência reservava dois jogos seguidos contra o Vasco, e ali se decidiria se ainda seguiram havendo chances de se chegar à final. Dois duelos seguidos no Maracanã. No primeiro, com gol do Maestro Júnior, os times empataram por 1 x 1. No segundo, com tentos de Júnior e Nélio, a vitória foi rubro-negra, por 2 x 0. A classificação estava próxima, mas na 5ª rodada o Flamengo perdeu por 2 x 0 para o São Paulo no Morumbi, e tudo ficou adiado para a rodada final.

Antes dos dois jogos que decidiriam quem avançaria à final - Flamengo x Santos jogavam no Maracanã e Vasco x São Paulo jogavam em São Januário, dois duelos simultâneos balançando a cidade do Rio de Janeiro - o São Paulo era o líder do grupo com 6 pontos, Flamengo e Santos tinham 5 pontos, e o Vasco, já sem chances, tinha 4 pontos. Tanto o time rubro-negro quanto o alvi-negro praiano tinha saldo de gols igual a zero, as os santistas levavam vantagem no segundo critério de desempate, tinham seis gols pró, contra quatro do Fla. Portanto, o empate não servia, só a vitória interessava ao Flamengo. Ainda assim, só a vitória não bastava. Um simples empate em São Januário, só serviria se a vitória rubro-negra fosse por mais de dois gols de diferença.

No Maracanã, o Flamengo fez sua parte e venceu ao Santos por 3 x 1, gols de Nélio e Gaúcho, além de um gol contra da zaga santista. Em São Januário, o Vasco atropelou ao São Paulo, vencendo por 3 x 0, com cada gol vascaíno sendo efusivamente comemorado pela torcida rubro-negra no Maraca. Esta o Flamengo ficou devendo ao Vasco, e terá que ser eternamente grato ao rival pela conquista do título nacional daquele ano.

Vencedor do grupo, com sete pontos, o Flamengo avançou para fazer a final contra o Botafogo, liderado dentro de campo por Renato Gaúcho, e que era o favorito para levantar o troféu.

Porém, logo no 1º tempo do 1º jogo foi decidido o destino daquela taça. Foi uma atuação implacável! Um primeiro tempo surpreendente e arrasador. Caía o grande favorito da final do Brasileiro de 92. Em pouco menos de 40 minutos, desmoronou este favoritismo. Com gols de Júnior, Gaúcho e Nélio, o Mengão atropelou os alvi-negros: Flamengo 3 a 0. A torcida foi para casa se dando como campeã. A tarefa ainda foi facilitada com a demissão de Renato Gaúcho, principal jogador do time adversário, pela diretoria do Botafogo. Depois do jogo, ele ofereceu um churrasco a Gaúcho, centroavante do Flamengo, e seu melhor amigo, com a presença de outros ex-companheiros de seus tempos na Gávea. A diretoria botafoguense achou intolerável e ele nunca mais vestiu a camisa do Botafogo. No domingo seguinte, um dia trágico pelo acidente que ocorreu antes do início do jogo, quando uma grade de proteção se rompeu no Maracanã, o Flamengo abriu o placar no primeiro tempo, com Júnior. No início do 2º tempo, ampliou, com Júlio César. O Botafogo ainda empatou, com dois pênaltis inventados pelo árbitro: 2 x 2. O Flamengo era, pela quinta vez em sua história, o campeão nacional.

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