terça-feira, 10 de abril de 2018

Sócio-Torcedor - Ano 5: subindo e descendo a colina

Em 26 de março de 2018 o Programa Nação Rubro-Negra, fidelização de Sócios-Torcedores (STs) do Flamengo, cumpriu seu 5º aniversário com 73.249 STs ativos e adimplentes. Isto representava 15.154 STs a menos frente à data de comemoração do 4º aniversário, um ano antes, quando existiam 88.403 STs ativos.

Durante esta caminhada, impulsionado pelas campanhas que levaram o Flamengo às finais da Copa do Brasil e da Copa Sul-Americana em 2017, o programa teve uma forte adesão e alcançou seu pico histórico de até então no fim de setembro, quando se chegou à marca de 108.168 STs ativos (subida da colina). O programa manteve-se próximo a este máximo histórico e fechou o ano de 2017 com 105.285 STs. Desde então viveu forte inflexão, com o cancelamento das adesões que buscavam exclusivamente os descontos nas partidas jogadas no Rio de Janeiro pelas finais destas duas competições citadas (descida da colina).


O 1º trimestre de 2018 - 20º trimestre de existência do Programa Nação Rubro-Negra - teve o pior desempenho da história da fidelização de STs do Flamengo, com uma retração acumulada no período de 32.036 STs! Foi determinante para a intensidade deste volume de cancelamentos o fato de os dois primeiros jogos como mandante na Libertadores 2018 terem sido realizados com portões fechados, em punição imposta pela Conmebol causada pelos incidentes provocados pelas Torcidas Organizadas ao redor do Maracanã no dia da final da Sul-Americana contra o Independiente. Certamente a presença na Libertadores, em condições normais, teria contido parte deste forte fluxo de cancelamentos do Nação Rubro-Negra.


Avaliando historicamente o desempenho do programa nos acumulados anuais de janeiro a dezembro: em 2013, ano de sua criação, o Programa Nação Rubro-Negra ficou com o 1º lugar no futebol brasileiro em adesões líquidas, com 58.962 novos STs (o Santos ficou em 2º, com Cruzeiro em 3º, Corinthians em 4º e Palmeiras em 5º). Durante 2014, o Flamengo teve o pior desempenho entre os 15 primeiros colocados do ranking, com um saldo negativo de saída de 6.737 STs (o 1º lugar no ano foi do Palmeiras, com 29 mil novos STs, seguido por Corinthians em 2º, Cruzeiro em 3º, São Paulo em 4º e Internacional em 5º). Em 2015, o Flamengo ficou em 5º lugar em adesões, com 12.682 novos STs. Impulsionados pelas inaugurações de seus novos estádios, o Corinthians, com 70.165 novos STs, e o Palmeiras, com 62.465 novos STs, ficaram com as duas primeiras posições daquele ano, com o São Paulo em 3º e o Sport Recife em 4º. Em 2016, o Flamengo ficou em 4º lugar, com uma adesão líquida de 10.584 novos STs. O 1º lugar foi do São Paulo, com 30.751 novos STs, seguido por Grêmio em 2º e Atlético Mineiro em 3º.

No saldo acumulado em 2017, o Flamengo, impulsionado pela participação na Libertadores e pelas disputas das finais da Copa do Brasil e da Copa Sul-Americana, ficou em 2º lugar no ano, com 29.794 novos STs. Bem próximo ao desempenho do 1º colocado, o Atlético Mineiro, que acrescentou 30.253 novos STs a seu programa. O 3º lugar foi do Grêmio, o 4º do Botafogo, o 5º do São Paulo e o 6º do Vasco. Vivendo uma natural acomodação temporária após um forte crescimento pela novidades para suas respectivas torcidas que foram seus novos estádios, o Corinthians - ainda que tendo sido o campeão brasileiro de 2017 - teve uma retração de 4,7 mil sócios-torcedores, e o Palmeiras uma retração de 3,8 mil.


O forte decrescimento do programa rubro-negro gerou inúmeras análises e críticas na imprensa esportiva. Curiosamente, a mesma imprensa que não fez absolutamente nenhuma menção ao fato de que a quantidade de STs do Internacional estava congelada em 112.756 desde dezembro de 2015, tendo o Inter disputado a Série B no meio deste período, numa camuflagem escancarada dos dados do seu programa. Tampouco houve qualquer menção ou análise sobre o quadro de STs do Palmeiras, que estava por 21 meses consecutivos com o seu número oficial de STs praticamente congelado, com leves variações nas pouquíssimas vezes ao longo deste período nas quais houve atualizações. É uma constatação bastante sintomática sobre como a transparência é tratada no Brasil: nenhum problema em esconder a verdade, problema é agir corretamente e com transparência, “querendo ser certinho”. Isto não! Isto é o que parece ser inconcebível no Brasil. E estes, que assim agem, na hora que escorregarem, serão aqueles que levarão as críticas e as pancadas. A quem camufla, a vista grossa.

Um catalisador ainda maior por se tratar de Flamengo, o maior mobilizador de massas do Brasil, situação que incomoda muita gente, deixando a preocupação e o alvoroço ainda maiores. Como disse Alexandre Kalil, então presidente do Atlético Mineiro, em entrevista à televisão em dezembro de 2014, em participação no programa Fox Sports Rádio: “Estão arrumando o Flamengo, e se arrumar não vai ter para ninguém. Se arrumar o Flamengo, acabou o futebol brasileiro”. Incômodo com a melhoria econômica rubro-negra que também está presente nas entrelinhas das palavras do então presidente do Corinthians, Andrés Sanches, em entrevista dada a jornalistas na porta da CBF em abril de 2018, referindo-se à Gestão Bandeira de Mello: “Gestão de nada! Ele vai sair e a conta vai chegar para o Flamengo”. Uma clara insinuação do presidente do Corinthians de que haveria manipulação das informações oficiais rubro-negras, e que a verdade emergiria após uma mudança de gestão. Ironicamente, uma insinuação de infração legal partindo de um nome que esteve investigado pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal, por supostas operações de empréstimo suspeitas de usar recursos públicos de forma ilegal para a construção do novo estádio do Corinthians, no bairro de Itaquera, na cidade de São Paulo.


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