sábado, 24 de março de 2012

Maiores Jogos da História do Flamengo: 06/04/79 - Flamengo 5 x 1 Atlético Mineiro




Jogos Inesquecíveis: 06/04/1979 - Flamengo 5 x 1 Atlético Mineiro

Um meio de campo dos sonhos: Carpegiani, Zico e Pelé

"Em 6 de abril de 1979, o Flamengo recebia o Atlético Mineiro, em amistoso no Maracanã. Por uma noite, numa confraternização que buscou angariar fundos para as vítimas das enchentes que inundaram o Rio de Janeiro em março de 1979, Zico cedeu a camisa 10. E não foi para qualquer um, foi para Édson Arantes do Nascimento, Pelé, o Atleta do Século.


Pelé jogou o primeiro tempo apenas. E foi no segundo, com ele já substituído por Cláudio Adão, que o Flamengo aplicou uma avassaladora goleada por 5 a 1. Este dia será eternamente lembrado pelas imagens de Pelé trajando rubro-negro. Esse fato acabou ofuscando uma outra marca histórica daquela noite. Com os três gols que fez nesta goleada, Zico tornou-se o maior goleador da história do Flamengo, superando a marca de até então, daquele que até hoje é o segundo maior goleador da história rubro-negra, Dida, com 263 gols. Com os três daquela nostálgica noite, Zico chegou aos 265". (A NAÇÃO, pg. 124)




Ficha técnica
06/04/1979 - Flamengo 5 x 1 Atlético Mineiro
Local: Maracanã, Rio de Janeiro (Público: 139.953 pagantes)
Gols: Marcelo (21'1T), Zico (35'1T), (10'2T) e (14'2T), Luisinho Lemos (28'2T) e Cláudio Adão (39'2T)
Fla: Cantareli, Toninho Baiano, Manguito, Rondinelli (Nélson) e Júnior; Andrade, Carpegiani (Sergio Ramírez) e Zico (Cláudio Adão); Tita, Pelé (Luisinho Lemos) e Júlio César (Reinaldo).
Téc: Cláudio Coutinho
Atlético: João Leite, Alves, Osmar, Luisinho e Hilton Bruniz; Toninho Cerezo, Marcelo (Carlinhos) e Paulo Isidoro; Serginho (Pedrinho Gaúcho), Dario e Ziza (Vilmar).
Téc: Procópio Cardoso






A História do Jogo

Qualquer torcedor que não o do Santos gostaria de ter visto Pelé com a camisa de seu clube do coração. E os flamenguistas puderam matar essa curiosidade em um jogo beneficente realizado no Maracanã no dia 6 de abril de 1979, Flamengo e Atlético Mineiro entraram no gramado do Estádio Mário Filho para um amistoso em prol das vítimas das enchentes que assolaram Minas Gerais entre janeiro e fevereiro daquele ano. Após mais de 35 dias seguidos de chuva, 246 pessoas morreram.

Na escalação rubro-negra, Zico apareceu com a camisa 9. A 10, claro, foi concedida a Pelé, atração principal mesmo aos 38 anos e aposentado do futebol havia dois, após terminar sua passagem pelo New York Cosmos, dos Estados Unidos.

Era tanta a expectativa para ver o "Rei do Futebol" atuando no time de maior torcida do Brasil que até o então Presidente da República, o general João Figueiredo, que havia acabado de assumir o governo, foi à partida junto de uma comitiva de 12 ministros.

"Pois doze ministros são uma dúzia deles e o Ministério, no total, tem pouco mais do que isso", dizia o editorial na página 2 da Folha de São Paulo no dia seguinte ao jogo, com foto e destaque para o amistoso na capa do jornal. Na época, eram 16 as casas que compunham o Ministério.

Quem também não queria perder a chance de estar perto de Pelé eram os jogadores do Flamengo. Para que Pelé entrasse no time, alguém precisaria sair. E a dúvida sobre quem deveria ceder a vaga rendeu boas discussões entre os rubro-negros.

"Eu não corria muito risco porque jogava pela direita e ninguém atuava como eu, que atacava e voltava marcando. O Zico tinha que jogar e foi para frente. O Carpegiani era o capitão e tinha o Andrade. Acabou sobrando para o Adílio", lembrou em entrevista à reportagem o meia Tita, titular naquele amistoso.

Andrade foi outro que fez questão de apontar sua importância no aspecto tático. Afinal, com Pelé já aposentado, alguém precisaria marcar no meio de campo: "No meu lugar ele não vai jogar, ele não é volante. E o Júlio César falou: 'Ele não joga de ponta-esquerda, no meu lugar também não vai'".

Houve disputa até para sair na foto que o elenco tirou um dia antes do jogo. Júlio César, ponta-esquerda, geralmente saía longe do centro nas fotografias do time. Porém, com Pelé no meio de todos, o jogador deu um jeito de sair ao lado do ídolo, empurrando Carpegiani para o lado.

A solução para definir o preterido na escalação inicial acabou surgindo de maneira fortuita. Adílio se machucou às vésperas da partida, em treinamento na Gávea, e abriu a vaga para Pelé.

"O Adílio caiu no campo e o médico veio correndo. Quando o Adílio disse que não era nada, o médico tapou a boca dele e ainda mandou: 'Engessa ele! Engessa ele!'", contou Andrade às gargalhadas.

A equipe do Flamengo foi formada naquele 6 de abril com: Cantareli, Toninho, Rondinelli, Manguito e Júnior; Andrade, Carpegiani, Pelé e Zico; Tita e Júlio César.

Foram 139.953 pessoas ao Maracanã para ver Pelé e Zico juntos. O jovem zagueiro Figeiredo brincou à beira do campo antes da bola rolar: "Sei que por minha causa não é". Assim como aquele que estavam dentro e à beira do campo, privilegiados espectadores de luxo de um acontecimento histórico.

Dario, o Dadá Maravilha, centroavante do Atlético Mineiro, campeão do mundo ao lado de Pelé com a Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1970, além de campeão carioca com Zico pelo Flamengo no ano de 1974, testemunhou: "Eu posso dizer que foi o jogo mais importante da minha vida. Eu me senti um torcedor privilegiado dentro do gramado vendo Pelé e Zico barbarizarem juntos".

O jovem rubro-negro Tita também estava contagiado: "Foi um dos grandes momentos da minha carreira. Eu era garoto, tinha 21 anos. O Pelé e o Zico foram meus dois grandes ídolos". Tita chegou a fazer uma tabela com Pelé antes de cruzar para Zico, que cabeceou por cima.

O Rei Pelé atuou apenas nos primeiros 45 minutos. Os atleticanos saíram na frente, com gol de Marcelo Oliveira. O empate aconteceu ainda na primeira etapa, com Zico. Luizinho fez pênalti em Tita. Zico pegou a bola e deu para o Pelé bater, mas Pelé recusou e devolveu a bola ao ídolo flamenguista, que deixou tudo igual.





No intervalo, Pelé deu lugar ao centroavante Luisinho Lemos. E na volta para o 2º tempo, só deu Flamengo. Logo aos 10 minutos, Zico voltou a brilhar, fazendo um papel de artilheiro equivalente à camisa 9 que vestia naquele dia. Como um verdadeiro goleador, ele marcou o segundo gol rubro-negro. E, quatro minutos depois, ele voltou a balançar as redes, deixando o Flamengo com a vantagem de 3 x 1 no placar. Luisinho aos 28 minutos da etapa final marcou o quarto gol do Flamengo.

Era uma goleada formada a favor da equipe comandada pelo treinador Cláudio Coutinho. E ainda vinha mais. Quem fechou o caixão foi o artilheiro Cláudio Adão, aos 39. Festa da torcida e dos jogadores rubro-negros. Um dia inesquecível, com certeza, para toda a Nação Rubro-Negra, e para o Rei Pelé, que afirmou ter sido um grande prazer honrar a camisa do clube e jogar ao lado de Zico.






2 comentários:

  1. Oi, Marcel. Prazer conhecer seu blog. Pois é, naquela sexta-feira de abril/79 saí correndo do trabalho para ir ao "Maraca" ver o Rei Pelé, com a camisa do Mengão, dar uma passe de bicicleta, de costas para o campo do Atlético, para alcançar o Júlio César "Uri Geller" na ponta-esquerda do nosso ataque. Genial! Por isso me chateio com certas besteiras que vejo lá na Gávea, dentro e fora do campo (sic). Abraço do Sílvio B Passos (Tijuca-Rio)

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  2. Seja bem vindo Silvio!
    Espero que este espaço te faça relembrar muitas outras coisas boas mais!!
    Abs. Marcel

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